As Dietas “Iôiô”!
Espero que tenham tido uma semana boa com estes dias de sol que nos acompanharam nos últimos dias. E porquê trazer o sol para o nosso artigo desta semana? Porque, como acontece todos os anos, a maioria das pessoas começa a pensar que o Verão está a chegar e quer começar a perder peso… Não importa como, não importa com que consequências, e não importa se é recuperado novamente.
A verdade é que as “dietas ioiô” estão presentes na vida da maioria das pessoas, mesmo que seja de uma forma pouco assumida. Não me interpretem mal, perder peso é ótimo quando a pessoa não tem o peso adequado, o problema recuperá-lo de seguida, e que ainda é pior do que a situação anterior.
Por ter essa noção todos os dias nas pessoas que me procuram para a consulta de nutrição, e com quem tenho que esclarecer vários conceitos, para que esta situação não aconteça, também a vocês quero passar que o importante é manter uma composição corporal equilibrada e isso sim, é um dos pilares da saúde e da longevidade.
Este tipo de situações está a tomar proporções tais, que em 2019, mais um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, mostra como a redução do peso corporal de forma repetida com ganho de peso posterior (efeito ioiô) é potencialmente prejudicial para a saúde.
Este estudo não é pioneiro, já estudos anteriores tinham demonstrado que as oscilações repetidas do peso corporal parecem induzir maior inflamação de tecidos e resistência à insulina do que um estado consistentemente obeso. Além disso, a flutuação do peso corporal foi associada a uma pior distribuição da gordura corporal com predomínio da gordura visceral o que aumenta a atividade inflamatória do organismo.
Este fator faz com que seja necessário considerar a flutuação do peso corporal como um fator clínico importante no diagnóstico e controlo de doenças crónicas.
Assim, o que este estudo observou e concluiu é que a flutuação do peso corporal está associada a maior mortalidade e eventos cardiovasculares em pacientes com doença arterial coronária. Contudo, os dados existentes continuam a ser muito insuficientes quando se fala sobre a relação entre a flutuação do peso corporal e os resultados relacionados com a saúde da população em geral.
As flutuações intraindividuais do peso corporal foram calculadas pela variabilidade média sucessiva (ASV) e concluiu-se que os participantes com um alto ASV de peso corporal eram mais obesos e tinham níveis mais elevados de pressão arterial e HbA1c (hemoglobina glicada) – fator de controlo bioquímico da diabetes mellitus – no início do que aqueles com um baixo ASV de peso corporal, ou seja, aqueles que tinham perdido e recuperado o peso mais vezes tinham uma hipertensão mais marcada e a HbA1C mais desequilibrada.
Então o que se conseguiu perceber foi que, com a alteração dos estilos de vida de forma crónica, nomeadamente com o aumento do exercício físico no período pós perda de peso poderia reduzir a flutuação do peso corporal, permitindo a manutenção do peso corporal após a redução do mesmo, podendo também, refletir o nível da adesão do individuo ao treino e na diminuição do risco de desenvolver diabetes ou doenças cardiovasculares.
Posto isto não me interpretem mal! Ninguém deve manter-se com excesso de peso que o prejudique de alguma forma, seja ela física, psicológica ou emocional! A questão é que muitas pessoas optam por realizar alterações drásticas sem acompanhamento nutricional. Isto, para vai muito além de uma questão estética, estando a falar em SAÚDE, e como já diz o ditado “com a saúde não se brinca!”
Acompanhem o nosso Instagram para algum as dicas que vos pode ajudar, mas lembrem-se, cada pessoa é diferente, e é fundamental que façam este caminho da perda de peso devidamente acompanhados, para que no final “cortem a meta” com os objetivos concluídos: a sentirem-se melhor por dentro e por fora.
Até para a semana!
Referências:
1) Oh TJ, et al “Body-Weight Fluctuation and Incident Diabetes Mellitus, Cardiovascular Disease, and Mortality: A 16-Year Prospective Cohort Study” J Clin Endocrin Metab Volume 2019; 104(3): 639-646.
Artigo pela Nutricionista Ipharma
Inês Morais (C.P. 2794N)